segunda-feira, 15 de maio de 2017

Estado criaria cinturão de pobreza no Entorno do DF diz cientista político

Cientistas políticos e prefeitos do Entorno dizem que consequências da possível emancipação vão da perda de receita a um possível sucateamento das estruturas já existentes
“Montar um novo Estado demanda altos investimentos”, diz o cientista político e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marco Aurélio Nogueira. Logo, segundo ele, criar uma nova unidade federativa é inviável no momento, sobretudo em um período de crise econômica e desordem política. “Falar em aumento de gastos, agora, é infactível. O País não está muito organizado e isso precisa ser levado em conta. Projetos que criam novas estruturas são completamente inviáveis”.

Pensamento semelhante tem o cientista político goiano e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wilson Ferreira da Cunha. Para ele, projetos assim trazem consigo a expectativa de um novo fôlego, que nem sempre é atendido. “Criar um Estado é tarefa complexa e a população que apoia esse tipo de iniciativa, muitas vezes, não pensa nisso”, relata.

O professor diz ainda que é necessário pensar na viabilidade econômica do novo Estado. “A cidade de Rio Quente se emancipou de Caldas Novas porque se sustenta. Tem renda. Não acredito que os municípios do Entorno consigam se manter sozinhos, sem a ajuda de Goiás ou do governo federal.”

Em 2014, o PIB dos municípios do Entorno do Distrito Federal representava menos de 10% do goiano, aproximadamente R$ 15,1 bilhões, o que é pouco para manter uma unidade federativa com novas estruturas. Tocantins, Estado que tem quase o mesmo número de habitantes do Entorno, tem um PIB duas vezes maior.

O prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango (PSDB), diz que a região agrega municípios pobres e que, caso emancipados, formariam um “cinturão de pobreza”. “Atualmente estamos ligados a um Estado rico e produtor. Se nos desligarmos dele, usaremos todos os recursos que temos para montar as novas estruturas, então é preciso pensar em alternativas.”

Para o prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD), a melhor solução seria colocar as leis que já existem em prática. “Temos que pensar em criar a região metropolitana, fortalecer a Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno) e trabalharmos pelo desenvolvimento de um fundo, como o que existe para o Distrito Federal”, argumenta.

Quem também apoia o fundo é o prefeito de Formosa, Ernesto Roller (PMDB), que afirma ser a melhor alternativa. “É a solução viável, ao contrário do projeto de criação de um Estado. Este não tem viabilidade política. Com recursos do governo federal, teríamos fôlego”, ressalta.

A única favorável à proposta é a prefeita de Novo Gama, Sônia Chaves (PSDB). “A região cresceu desassistida. Ter independência seria bom”, diz.

Fonte: Jornal Opopular

Nenhum comentário: