Cientistas políticos e prefeitos do Entorno dizem que
consequências da possível emancipação vão da perda de receita a um possível
sucateamento das estruturas já existentes
“Montar um novo Estado demanda altos investimentos”, diz o
cientista político e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marco
Aurélio Nogueira. Logo, segundo ele, criar uma nova unidade federativa é
inviável no momento, sobretudo em um período de crise econômica e desordem
política. “Falar em aumento de gastos, agora, é infactível. O País não está
muito organizado e isso precisa ser levado em conta. Projetos que criam novas
estruturas são completamente inviáveis”.
Pensamento semelhante tem o cientista político goiano e
professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Wilson
Ferreira da Cunha. Para ele, projetos assim trazem consigo a expectativa de um
novo fôlego, que nem sempre é atendido. “Criar um Estado é tarefa complexa e a
população que apoia esse tipo de iniciativa, muitas vezes, não pensa nisso”,
relata.
O professor diz ainda que é necessário pensar na viabilidade
econômica do novo Estado. “A cidade de Rio Quente se emancipou de Caldas Novas
porque se sustenta. Tem renda. Não acredito que os municípios do Entorno
consigam se manter sozinhos, sem a ajuda de Goiás ou do governo federal.”
Em 2014, o PIB dos municípios do Entorno do Distrito Federal
representava menos de 10% do goiano, aproximadamente R$ 15,1 bilhões, o que é
pouco para manter uma unidade federativa com novas estruturas. Tocantins,
Estado que tem quase o mesmo número de habitantes do Entorno, tem um PIB duas
vezes maior.
O prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango (PSDB), diz
que a região agrega municípios pobres e que, caso emancipados, formariam um
“cinturão de pobreza”. “Atualmente estamos ligados a um Estado rico e produtor.
Se nos desligarmos dele, usaremos todos os recursos que temos para montar as
novas estruturas, então é preciso pensar em alternativas.”
Para o prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD), a
melhor solução seria colocar as leis que já existem em prática. “Temos que
pensar em criar a região metropolitana, fortalecer a Ride (Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno) e trabalharmos pelo
desenvolvimento de um fundo, como o que existe para o Distrito Federal”,
argumenta.
Quem também apoia o fundo é o prefeito de Formosa, Ernesto
Roller (PMDB), que afirma ser a melhor alternativa. “É a solução viável, ao
contrário do projeto de criação de um Estado. Este não tem viabilidade
política. Com recursos do governo federal, teríamos fôlego”, ressalta.
A única favorável à proposta é a prefeita de Novo Gama,
Sônia Chaves (PSDB). “A região cresceu desassistida. Ter independência seria
bom”, diz.
Fonte: Jornal Opopular
Nenhum comentário:
Postar um comentário