As aulas no Centro de Ensino Médio (CEM) 2, em Ceilândia,
acabaram suspensas ontem, um dia após o assassinato de um estudante de 17 anos,
nas dependências da instituição. Na noite anterior, o agressor, de 16 anos,
colega de classe da vítima, usou um canivete para matar Danilo Roger Silva de
Sousa. Ao todo, segundo a perícia, foram 16 golpes, três no pescoço. Os
estudantes do 2º ano, segundo a direção do colégio, não tinham histórico de violência.
Depois do crime, professores impediram o linchamento do acusado.
O adolescente prestou
depoimento à polícia horas após o assassinato. Ontem, a Justiça o ouviu e o
encaminhou para cumprir 45 dias de medida socioeducativa, até que seja definido
o tempo total da sentença. Ele contou que sofria bullying e ameaças, versão confirmada
pelos colegas. Alguns professores disseram que o garoto era “calado” e “não
tinha muitos amigos”. O diretor do CEM 2, Wilson Venâncio, acredita que a
confusão tenha começado fora da instituição. Entretanto, alunos que
testemunharam o crime contaram que houve uma brincadeira com bolinhas de papel,
o que deixou o suspeito constrangido. “Não é possível que isso tenha deixado
ele (o agressor) tão nervoso”, avaliou Wilson.
A Delegacia da Criança e Adolescente (DCA) II, em
Taguatinga, apura o caso. “Ainda estamos apurando o que pode ter realmente
motivado a ação, mas ainda não podemos divulgar muitos detalhes da investigação
por se tratar de um crime que envolve dois menores de 18 anos”, afirmou o
titular da unidade, delegado Amado Pereira. Funcionários do CEM 2 lavaram a
sala onde ocorreu o crime no início da manhã de ontem. “Eu nunca vi tanto
sangue na minha vida. Era uma cena de horror. As cadeiras estavam bagunçadas e
havia sangue pisoteado por toda a parte”, contou uma das responsáveis pela
limpeza.
Pais de alunos estão com medo. No turno da noite, são seis
turmas de ensino médio, com uma média de 35 alunos cada. “Já tivemos reuniões
para discutir casos de bombas e uso de drogas. Esperamos que esse caso extremo
sirva de alerta para o governo, pois alguma coisa precisa ser feita para
garantir segurança a alunos e professores”, reclamou o taxista Marcos Alberto
Souza, 36 anos, pai de uma estudante do 1º ano do ensino médio. Danilo Roger
será enterrado hoje no Cemitério de Taguatinga. A família procura explicação
para o caso. “Ele nunca falou sobre desentendimento com ninguém. Quando ficamos
sabendo, pensamos que era engano. A minha mãe que o viu morto no chão da
escola. É uma dor que a gente não consegue controlar”, desabafou o irmão da
vítima, que pediu para não ser identificado.
Fonte:
correiobraziliense
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