Decisão ocorre semanas antes de troca do equipamento ser
exigida.
Desde o fim de 2014, novo tipo de extintor sumiu de lojas e
preço subiu.
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu em reunião
nesta quinta-feira (17) que o uso do extintor de incêndio em carros,
caminhonetes, camionetas e triciclos de cabine fechadas, será opcional, ou
seja, a falta do equipamento não mais será considerada infração nem resultará
em multa.
A entidade justifica que os carros atuais possuem tecnologia
com maior segurança contra incêndio e, além disso, o despreparo para o uso do
extintor poderia causar mais perigo para os motoristas.
O fim da obrigatoriedade do extintor para carros começará a
valer a partir da publicação da resolução, o que deverá ocorrer nos próximos
dias, diz o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Desde 1970, rodar com veículos sem o equipamento ou com ele
vencido ou inadequado é considerado infração grave, com multa de R$ 127,69 e
mais 5 pontos na carteira de motorista. O Brasil é um dos poucos países que
obrigava automóveis a ter o extintor. Nos Estados Unidos e na maioria das
nações europeias não existe a obrigatoriedade.
O equipamento continuará sendo exigido no país apenas para
caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados ao
transporte de produtos inflamáveis.
A medida foi anunciada pouco antes de começar a valer a
obrigatoriedade dos extintores do tipo ABC, prevista para 1º de outubro. Quem
não fizesse a substituição poderia ser multado.
O Contran havia decidido pelo uso desse tipo de equipamento
porque ele combate o fogo em mais tipos de materiais do que o do tipo BC, que
equipava carros até alguns anos atrás.
Exigência de troca de extintor pelo tipo ABC levou a
correria às lojas, falta do produto e denúncias de preços exorbitantes e de
fraude
A exigência da troca começou a valer em 1º janeiro deste ano
e provocou correria às lojas no fim do ano passado, resultando em falta do
produto e denúncias de preços exorbitantes e de venda de equipamentos vencidos
"maquiados" como novos.
Com isso, ela foi adiada para abril, para que as fabricantes
conseguissem aumentar a produção e atender à demanda, Mas o extintor continuou
em falta em diversas cidades e houve novos adiamentos.
Depois da terceira e última prorrogação do prazo, para
outubro, o Contran realizou reuniões e ouviu dos fabricantes que era necessário
um tempo maior, de cerca de 3 a 4 anos, para atender à demanda. Porém, segundo
o presidente do conselho, essa justificativa já estava sendo dada pelas
indústrias há 11 anos. E foi decidido o fim da obrigatoriedade para carros.
A decisão repercutiu nas redes sociais e é comparada à do
kit de primeiros socorros, que passou a ser obrigatórios nos carros em 1998 e,
no ano seguinte, a exigência foi derrubada.
Decisão do fim da obrigatoriedade do extintor em carro
repercutiu nas redes sociais
que diz o Contran
"A mudança na legislação ocorre após 90 dias de
avaliação técnica e consulta aos setores envolvidos", diz a nota do
Contran. Segundo o órgão, o uso do extintor sem preparo representa mais risco
ao motorista do que o incêndio em si. E o Contran citou a baixa incidência de
incêndios entre o volume total de acidentes com veículos, e um número menor
ainda de pessoas que dizem ter usado o extintor.
De acordo com o Contran, a Associação Brasileira de
Engenharia Automotiva (AEA) informou que dos 2 milhões de sinistros em veículos
cobertos por seguros, 800 tiveram incêndio como causa. Desse total, apenas 24
informaram que usaram o extintor, equivalente a 3%.
Autoridades consideram que falta de treinamento e despreparo
dos motoristas para o manuseio do extintor geram mais risco de danos à pessoa
do que o próprio incêndio, diz nota do Contran
Estudos e pesquisas realizadas pelo Denatran constataram que
as inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior
segurança contra incêndio, afirma a nota.
Entre as quais, o corte automático de combustível em caso de
colisão, localização do tanque de combustível fora do habitáculo dos
passageiros, flamabilidade de materiais e revestimentos, entre outras.
Segundo o próprio conselho, as autoridades consideram que
falta de treinamento e despreparo dos motoristas para o manuseio do extintor geram
mais risco de danos à pessoa do que o próprio incêndio. "Além disso, nos
'test crash' realizados na Europa e acompanhados por técnicos do Denatran,
ficou comprovado que tanto o extintor como o seu suporte provocam fraturas nos
passageiros e condutores”, explica o presidente do conselho.
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