Para retomar o limite de gastos com pessoal considerado
prudente, GDF deverá reduzir em 20% o número de cargos comissionados
Isa Stacciarini ,
Luiz Calcagno
A crise financeira do Governo do Distrito Federal atingiu o
ponto mais alto desde janeiro. Os gastos do executivo com pessoal ultrapassaram
o limite máximo de 49%, previsto na Lei de responsabilidade Fiscal (LRF). No
segundo quadrimestre de 2015 (de maio a agosto), os gastos chegaram a 50,8%.
Para se ter uma ideia, o limite de gastos com folhas de pagamento considerado
prudente é de 46,55%, 4,25% abaixo do atual patamar.
O secretário de Fazendsoa do DF, Pedro Meneguett alertou,
ainda, que o governo corre o risco de sofrer um colapso financeiro e não
conseguir manter a limpeza urbana, o pagamento de marmitas de presos, a
alimentação de pacientes em hospitais, a compra de medicamentos, pagar
combustível e alugueis, dentre outros.
Ao desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal o governo
fica impedido de conceder aumento ou reajuste que leve o executivo a
ultrapassar o valor máximo ou reestruturar carreiras elevando os gastos. Também
proíbe, nesses casos, a criação de cargos, empregos ou funções, a contratação
de funcionários públicos concursados e a contratação de hora extra.
Os gastos com servidores efetivos no segundo quadrimestre
chegaram a R$ 9,29 bilhões, quando o limite máximo era de R$ 8,96 bilhões e o
prudencial de R$ 8,51 bi. O GDF não inclui nos dados os servidores da
Secretaria de Segurança Pública do DF que recebem pelo Fundo Constitucional.
Apenas com pagamento de cargos comissionados o GDF gastou R$ 295 milhões de
janeiro a agosto deste ano. Do total, R$ 154,5 milhões foram de maio a agosto -
referente ao segundo quadrimestre.
Segundo a Secretaria de Gestão Administrativa e
Desburocratização do DF (Segad), o Executivo local cortou 4.077 cargos
comissionados sem vínculo com o governo e 312 servidores comissionados com
vínculo de janeiro a agosto. A queda corresponde a 49,05% se comparado aos oito
primeiros meses de 2014. A ação, de acordo com a pasta, gerou uma economia de
R$ 113 milhões.
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) já tinha
emitido um alerta ao governador Rodrigo Rollemberg e às secretarias de Gestão
Administrativa e Desburocratização; de Fazenda; e de Planejamento, Orçamento e
Gestão do DF, por conta dos gastos do primeiro quadrimestre. No período, o GDF
gastou 48,1%, cerca de 95% do total.
Corrida contra o tempo
O relatório de gestão fiscal do segundo quadrimestre, que
contém os dados dos gastos com servidores do GDF sairá no Diário Oficial do DF
(DODF) nesta terça-feira (15/9). A partir da publicação, o GDF terá oito meses
para retornar ao limite prudencial. Pelo menos um terços do percentual
excedente deve ser eliminado até o fim deste ano.
Em casos de desrespeito à LRF, a Constituição Federal
determina que o governo da unidade da federação reduza em 20% os cargos
comissionados, ou exonere servidores não estáveis ou, ainda, provoque a perda
de cargo para servidores estáveis. Se não cumprir as determinações, o executivo
poderá deixar de receber transferências do Governo Federal ou ser penalizado
com multa. Rodrigo Rollemberg, por sua vez, fica refém de perder o mandato,
responder por improbidade administrativa e até ser condenado
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