Dos 246 municípios, só 13 contam com atendimento de terapia
intensiva.
Governo estadual diz que tem planos para expandir o atendimento.
Pessoas que precisam de leitos de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) enfrentam uma verdadeira batalha pela vida na rede pública de
saúde de Goiás. Isso porque dos 246 municípios goianos, só 13 têm esse tipo de
atendimento. Assim, muitos pacientes em estado grave morrem antes mesmo de
conseguir a transferência.
Foi o caso da dona de casa Janaína Pereira Brito, de 27
anos, que morava em Porangatu, no norte do estado. A mãe dela, Piedade Brito,
conta que a filha tinha suspeita de H1N1 e morreu enquanto esperava por um
leito de UTI. “Foram dois dias e meio praticamente ela esperou”, lembra.
A mãe conta que tentava a transferência da filha para
Uruaçu, que fica a 120 km de onde mora, mas não conseguiu. O hospital da cidade
conta com 40 leitos que deveriam estar funcionando desde 2014, mas nunca
recebeu um paciente.
Uruaçu deveria ter hospital desde 2014, mas local segue em obras |
O mesmo drama ocorre em Quirinópolis, no leste do estado. O
hospital municipal tem 10 leitos de UTI prontos, mas faltam médicos e
equipamentos.
Se estivesse funcionando, pessoas como o aposentado
Aristides Cerqueira teriam a chance de não se tornarem vítimas fatais. Ele
morreu dois dias depois de entrar em uma lista de espera por uma vaga.
“O próprio médico me falou que ele teria chance, mas demorou
demais”, contou o filho de Aristides, o locutor comercial Paulo César Miclos.
Entorno do DF
- Situação complicada também para os moradores do Entorno Sul do Distrito Federal, composto por cidades como Valparaíso de Goiás, Luziânia, Santo Antônio do Descoberto, Novo Gama, Cristalina e Cidade Ocidental. São quase 1,1 milhão de habitantes, mas não há nenhum leito de UTI disponível.
Com isso, os pacientes precisam recorrer aos hospitais do
Distrito Federal, mas nem sempre conseguem. Foi o que aconteceu com Osmar
Martins Coelho, que teve um derrame e foi internado no Hospital do Gama. Ele
esperou 20 dias pela vaga, mas morreu antes da transferência.
“Eles [médicos] falaram que ele precisava de uma UTI e a
gente correu muito, mas não conseguiu, aí ele acabou falecendo”, lamentou a
filha de Osmar, a dona de casa Dayana Pereira Martins.
Já a cidade de Águas Lindas de Goiás, que também fica no
Entorno de Brasília, deveria ter recebido 40 leitos para tratamento intensivo
em 2010. No entanto, eles nunca saíram do papel. O motivo foi uma série de
problemas, entre desvio de verbas, erros no projeto e o Tribunal de Contas da
União acabou embargando a obra. Os trabalhos foram retomados há dois anos, mas
seguem em andamento.
“É muito sofrimento aqui. Você escolhe uma cidade para morar
achando que terá uma cobertura pela prefeitura, pelo governo, mas não tem, né”,
lamentou o mestre de obras Israel Gomes de Jesus.
Osmar Coelho esperou 20 dias por uma UTI, mas morreu sem conseguir |
A região do Entorno de Brasília tem ligação com a Central de
Regulação de Vagas de Goiânia, mas isso não é suficiente. “Essa pactuação não
atende a nossa demanda. Hoje temos pacientes que ficam cinco, seis, sete dias
esperando por uma UTI”, afirma o secretário de Saúde de Luziânia, Whaterson
Roriz.
Quem ainda está na luta por uma vaga, conta que a angústia e
sofrimento tomam conta da situação. Neta de José Mariano Carneiro, de 82 anos,
Lorena diz que o avô está em uma fila de espera com 54 pacientes. Ele já
enfrentou 3 horas de viagem de Itapirapuã, no noroeste do estado, até Goiânia,
mas ainda não conseguiu a terapia intensiva.
“Meu avô não tem condição de esperar, porque essa vaga só
vai sair depois que meu avô sair daqui dentro de um caixão”, reclamou Lorena.
Respostas
- A reportagem entrou em contato com as prefeituras das cidades onde foram relatados os problemas. Em Porangatu e Itapirapuã, as administrações informaram que dependem da Central de Regulação de Vagas de Goiânia.
Já a Secretaria de Saúde de Quirinópolis afirmou que vai
buscar parcerias com os governos estadual e federal para colocar os 10 leitos
de UTI em funcionamento.
As prefeituras de Uruaçu e Águas Lindas de Goiás destacaram
que os hospitais que estão em obras só devem funcionar a partir do ano que vem.
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás informou que deve
criar mais 126 leitos de UTI até o fim deste ano. Além disso, ressaltou que
ainda estuda a construção de um hospital de emergência e urgência em Valparaíso
de Goiás.
Confira mais detalhes G1
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