Ela estava internada há quase um ano em meio em unidade de
saúde do DF.
Família lutava para conseguir UTI domiciliar em GO, mas
menina não resistiu.
A menina Carolina dos Santos Cavalcante, de 10 anos, que
estava em coma há quase um ano e meio em função de um câncer raro, morreu na
quinta-feira (29). A família dela, que mora em Luziânia, no Entorno do Distrito
Federal, lutava para montar uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) domiciliar
para levar a menina para casa, mas não conseguiu.
“Minha filha estava bem, estável, e do nada piorou. Me
disseram que ela teve morte encefálica. Infelizmente, não consegui levá-la para
receber os cuidados em casa”, lamentou ao G1 a mãe da criança, a dona de casa
Ilma dos Santos Reis da Silva.
A menina estava internada no Hospital de Santa Maria, no
Distrito Federal, desde julho do ano passado. A reportagem entrou em contato
com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, responsável pela unidade, para
saber quais foram as causas da piora e da morte da criança, mas não houve
retorno até a publicação desta reportagem.
Desde a internação no hospital, Carolina estava em coma
vegetativo e recebia cuidados paliativos. Após obter laudos médicos liberando a
criança para ter cuidados em casa, há dois meses, a mãe recorreu à Secretaria
Municipal de Saúde (SMS) de Luziânia e à Secretaria de Estadual de Saúde (SES)
de Goiás para montar a UTI domicilar.
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Família luta por UTI domiciliar para menina com câncer raro,
em Goiás
A Prefeitura de Luziânia chegou a reformar um quarto na
residência da família para que a unidade fosse montada. No entanto, os
equipamentos só poderiam ser fornecidos pelo governo estadual.
No último dia 21, uma equipe da SES esteve na casa da
família para uma visita técnica. “Estranhei, pois eles só ficaram fazendo
perguntas da nossa vida financeira e mal olharam para ver se o quarto estava
adaptado”, reclamou a mãe.
Antes da morte da menina, o G1 entrou em contato com a SES
para saber se existiam prazos para o fornecimento dos equipamentos. Porém, o
órgão disse que “o relatório da inspeção técnica realizada tanto por técnicos
da secretaria, como por profissionais da SMS de Luziânia, confirmam que a
paciente não apresentava condições de acompanhamento domiciliar”.
Ainda segundo a nota, o relatório médico realizado pela SMS
de Luziânia não recomendava que a paciente fosse removida do hospital onde
estava internada.
Mãe diz que recebeu laudos liberando a filha para receber
cuidados em casa, em Goiás (Foto: Arquivo pessoal)
Mãe diz que recebeu laudos liberando a filha para
receber cuidados em casa (Foto: Arquivo pessoal)
A reportagem tentou contato com a SMS de Luziânia, na manhã
desta sexta-feira (30), para saber os motivos da negativa citada pela SES, já
que o quarto da família chegou a ser reformado, mas as ligações não foram
atendidas.
Câncer raro
O drama da família começou no final de 2013, quando Carolina
passou a apresentar sintomas como vômito, falta de apetite e fortes dores de
cabeça. A mãe lembra que, na época, procurou atendimento médico várias vezes,
mas a filha era diagnosticada com quadro de virose e sempre voltava para casa.
Poucos dias após o diagnóstico do câncer raro, chamado
neoplasia de tronco cerebral, a criança foi operada. Em seguida, segundo Ilma,
a filha entrou em coma.
“Além do tumor, ela também estava com hidrocefalia. Aí
fizeram a cirurgia para colocar uma válvula e drenar o líquido. Uma semana
depois fizeram a operação para tirar o tumor e fazer a biópsia, mas ela deu uma
parada cardíaca e já entrou em coma vegetativo”, relatou.
Foi quando Carolina foi transferida para o Hospital de Santa
Maria, onde permanecia desde então e, há dois meses, recebeu a liberação para a
UTI domicilar. Com isso, a mãe passou a buscar os equipamentos, mas a menina
não chegou a ser levada para casa. "Infelizmente, minha filha se foi sem
que eu conseguisse, mas sei que a minha luta não foi em vão. Fiz tudo o que
podia por ela", lamentou.
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