Aluno de 16 anos agride professora com socos e golpes de
caneta em Sergipe
"Ele veio cantando uma música violenta. Falou eu saio,
mas eu lhe mato". O relato é da professora Carla Valéria de Oliveira, 41
anos, diretora da Escola Estadual Senador Lourival Fontes, localizada na zona
norte de Aracaju (SE), ao narrar a agressão sofrida por ela na tarde da última
quinta-feira (2) por um aluno de 16 anos que, utilizando uma caneta, desferiu
golpes contra a professora. O adolescente foi apreendido pela Polícia Militar
de Sergipe.
A professora contou que na última quarta-feira (1º), alunos
utilizando uma bomba de festa junina quebraram um mictório do banheiro
masculino da escola. A diretora então iniciou a apuração para descobrir quem
foram os autores e acabou identificando os alunos responsáveis pelo ato, entre
eles estava o adolescente de 16 anos acusado pela agressão.
Segundo a diretora, diante da gravidade decidiu dar uma
suspensão aos alunos. Ao saber que seria punido, o aluno que estava matriculado
no EJA (Educação de Jovens e Adultos) resolveu agredi-la. "Ficou sabendo
que ia ser expulso. Ele veio cantando uma música violenta. Falou eu saio, mas
eu lhe mato. Partiu para cima. Deu o primeiro murro e eu caí. E me socou,
vários murros. A cabeça batia muito na parede. Eu só gritava pedindo
socorro", detalhou Carla Valéria, ao programa Hora da Verdade da 103FM,
que foi agredida em um dos corredores da escola.
A diretora contou que funcionários e professores foram
socorrê-la e um deles teria ouvido do adolescente que Carla estaria morta.
"Uma colega passou por ele, e ele falou: a diretora está lá morta. Essa
era vontade dele. Dá medo [ser professor] hoje em dia", disse emocionada.
Enquanto a diretora era socorrida, alunos da escola
acionavam uma viatura da PM que passava pelo local. Ao perceber a presença da
polícia, o adolescente tentou fugir por um terreno existente ao fundos da
escola, mas acabou apreendido. Ele foi encaminhado a Delegacia de Proteção à
Criança e ao Adolescente. A professora foi atendida por uma equipe do SAMU e
levada ao um hospital onde foi medicada e liberada.
Diálogo
"O mais revoltante é que eu não vinha batendo de frente
com ele. Vinha conversando, dialogando. Conversei com a mãe dele: a senhora
precisa acompanhar mais, preste atenção", disse a diretora agredida, ao
relatar que no mês passado foi ameaçada com uma faca por outro aluno.
A diretoria foi enfática ao falar sobre o consumo de drogas
dentro da unidade de ensino. Segundo ela, o banheiro é o local utilizado pelos
adolescentes para manter o vício. "O problema dali [escola] é a droga. Os
alunos têm se drogado dentro do banheiro. Meu objetivo é conscientizar esses
alunos que a escola é um ambiente de estudo", comentou.
Com medo, a diretora já avisou que pedirá transferência da
escola. "Não vou voltar para lá mais não. Quero criar meus dois
filhos", finalizou.
Em agosto do ano passado, o professor de biologia Carlos
Christian de Almeida Gomes foi ferido com cinco tiros disparados também por um
aluno de 16 anos, na Escola Estadual Olga Barreto, no município de São
Cristóvão. O professor ainda se recupera e o adolescente encontra-se cumprindo
medida socioeducativa.
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