Apontado pelo Ministério Público do Estado de Goiás
(MP-GO) como funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), o
padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, de 54 anos, disse que, caso seja
condenado pela Justiça, não tem como devolver o valor de R$ 18 milhões ao
Estado.
"Eu não tenho, vou ficar preso então. Não tenho nada para
oferecer. O dinheiro está com essas pessoas", diz, apontando para um
folheto onde há pessoas atendidas por obras sociais criadas por ele.
Conhecido por arrastar multidões às suas missas,
Padre Luiz foi admitido em 1980 na Assembleia Legislativa e, segundo a
denúncia, teria recebido até agora, R$ 3 milhões sem prestar os serviços pelos
quais foi contratado. Porém, o montante a ser devolvido, segundo o MP, pode
aumentar por conta de juros e multas.
O padre justifica que usa todo o seu salário para
ajudar outras pessoas. "Sou funcionário efetivo e fiz uma opção para
ganhar um salário da Assembleia um pouquinho maior, hoje de R$ 7,3 mil
líquidos. Pago Ipasgo [plano de saúde para servidores públicos estaduais] para
as pessoas doentes que eu cuido e sobra R$ 6,3 mil para comprar algum alimento
para eles", diz.
Luiz Augusto alegou que nunca ganhou salário como
padre e que não tem "carro nem celular". "Tenho 35 anos de
Assembleia. Se eu me aposentar, com a graça de Deus, vou esse dinheiro para
cuidar dos pobres, dos que precisam, o ano que vem", revela.
Dinheiro público
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo caso, disse que a justificativa do padre de usar o dinheiro para ajudar outras pessoas não o isenta da situação irregular.
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo caso, disse que a justificativa do padre de usar o dinheiro para ajudar outras pessoas não o isenta da situação irregular.
"Ele, como funcionário da Assembleia, tem que
prestar serviço na Assembleia e não para a igreja católica na sua paróquia. O
fato dele fazer caridade é louvável, mas ele tem que fazer isso com o dinheiro
dos seus fiéis, da sua igreja e não com o dinheiro público", pondera.
Além disso, Krebs diz que o valor que ele deverá
devolver aos cofres públicos, caso seja condenado, não é de apenas R$ 3
milhões, mas sim seis vezes esse montante.
"O valor é de R$ 18 milhões. São os R$ 3
milhões que ele recebeu indevidamente sem prestar trabalho público. Se ele está
fazendo caridade, o problema é dele. Além disso, tem a multa civil prevista na
Lei de Improbidade Administrativa e estamos pedindo também o dano moral
coletivo", calcula.
Polêmicas
Além da situação de supostamente ser servidor fantasma, o padre já esteve envolvido em outras polêmicas. Popular entre os fiéis de Goiânia, Padre Luiz foi afastado em maio de 2011, da Paróquia Sagrada Família, onde esteve à frente por 15 anos. Ele foi transferido para uma comunidade com cerca de 30 pessoas e proibido de celebrar missas para pessoas de outras paróquias. O afastamento foi motivo de protestos entre os católicos.
Além da situação de supostamente ser servidor fantasma, o padre já esteve envolvido em outras polêmicas. Popular entre os fiéis de Goiânia, Padre Luiz foi afastado em maio de 2011, da Paróquia Sagrada Família, onde esteve à frente por 15 anos. Ele foi transferido para uma comunidade com cerca de 30 pessoas e proibido de celebrar missas para pessoas de outras paróquias. O afastamento foi motivo de protestos entre os católicos.
Um ano depois, já na Paróquia Santa Teresinha do
Menino Jesus, no Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia, ele voltou a reunir
milhares de fiéis em suas missas e viu o número de presentes nas celebrações
subir de 30 para cerca de 3 mil pessoas.
Ele também realizando uma campanha para tentar
abolir a presença de outdoors de casas de shows que contenham mensagens
eróticas ou pornográficas em Goiás. O pároco afirma que os painéis são um
desrespeito à família e são responsáveis pelo crescimento dos casos de
adultério.
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