segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Deficiente visual com paralisia cerebral se forma em Direito em Natal



Formatura de Cristian Emanoel aconteceu neste fim de semana. Mãe do jovem, que acompanhava as aulas, também concluiu o curso.
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"Desde pequeno, meu sonho é ser promotor de Justiça. Com o passar do tempo, fui tendo noção do sonho e fui seguindo passo a passo". Cristian Emanoel, natural da Bahia, é deficiente visual e tem paralisia cerebral. Apesar de todas as dificuldades físicas, o jovem conseguiu se formar em Direito em uma universidade privada de Natal neste fim de semana. Cristian disse que só conseguiu estudar por causa da ajuda de uma pessoa especial: sua mãe, que acompanhava as aulas e também se formou.
Cristian Emanoel superou dificuldades e se formou em direito 

Nilda de Oliveira e Silva, mãe de Cristian, trabalhava de manhã e acompanhava o filho nas aulas durante a noite, mas acabou se matriculando e também se formou. "Era difícil acordar às 5 horas da manhã para sair, fazer o café e trabalhar. Sentar para estudar a tarde ou fazer estágio. Às vezes eu dormia na sala, mas a determinação dele era tão grande que eu estava cansada, mas não pensava em desistir. Pensava em continuar, pedia forças para continuar. Passei na primeira fase [da prova da OAB], infelizmente não passei na segunda fase. Mas o importante foi ele passar", disse Nilda.

Ela disse que o filho nasceu prematuro, no quinto mês de gestação. Os médicos pensaram que Cristian tinha morrido. "Tinha momentos que ele tinha paradas respiratórias e o médico falou que ele já tinha morrido. Eu pedi a Deus, a Jesus, com muita fé, que desse vida para Cristian. Quando eu abri os olhos, ele já estava voltando à cor normal", relatou.

O filho de Nilda estava vivo, mas teria que conviver com algumas limitações. Com poucos meses de vida, Cristian perdeu a visão e, devido à paralisia cerebral, tem dificuldade de locomoção. "Uma médica disse 'mãe, teu filho tem potencial. Cuida do potencial dele'. Foi aí que esqueci que Cristian é cego, esqueci que ele tem paralisia cerebral e passei a investir nos estudos", disse.

Aos seis anos, Cristian já sabia o que queria fazer. "Desde pequeno, meu sonho é ser promotor de Justiça. Com o passar do tempo, fui tendo noção do sonho e fui seguindo passo a passo até chegar aqui", disse o jovem. Em fevereiro de 2011, ele ingressou no curso de direito de uma universidade particular da capital potiguar. Apesar das responsabilidades, a mãe de Cristian também conseguiu se formar.

Cristian reconhece o apoio da mãe. "Agradeço a ela porque ela foi e é uma verdadeira heroína. Se não fosse por ela, eu digo que dificilmente estaria aqui. Acredito que não estaria". O jovem quer estudar para o concurso de promotor. "Tenho outros dois grandes sonhos, além de ser promotor de Justiça. Quero, um dia, voltar a caminhar e a enxergar. Tenho certeza que conseguirei".

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