Seguindo a orientação do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, de especialistas em marketing e de empresários, o governador de Goiás,
Marconi Perillo (PSDB), está se tornando cada vez mais um político nacional e
atraindo os olhos do país para o Estado que dirige (o sistema de saúde criado
pelo governo, notadamente o Crer, é conhecido em todo o Brasil). João Dória tem
contribuído para abrir as portas do meio empresarial, especialmente o de São
Paulo, e a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, as portas do mundo
financeiro — economistas, ministros e banqueiros — ao tucano-chefe.
Ao estilo freudiano, em todos os lugares, a pergunta é a
mesma: o que quer, circulando pelo país, o governador de Goiás? O óbvio:
tornar-se um político nacional, ser visto e examinado pelos brasileiros. Com
qual objetivo? Depois de quatro mandatos de governador do Estado, Marconi
Perillo não quer se tornar o Iris Rezende do PSDB — interrompendo seu ciclo
vitorioso com derrotas sucessivas, o que pode acontecer, em caso de o seu grupo
político não se renovar, em termos de nomes, e não se modernizar, em termos de
ideias e projetos. Em 2018, é possível que o jovem político, hoje com 52 anos,
ainda dispute mandato local, para senador. Mas o fato é que, aos poucos, Goiás
está ficando “pequeno” para suas ideias e projetos. Por isso, como afirma com
acerto uma jornalista, Goiás está “perdendo” e o Brasil está “ganhando”
Marconi.
Verdades sagradas podem ser destruídas. Afirma-se que um
Estado com um eleitorado diminuto, como Goiás, não tem condições de lançar um
presidente da República (ressalve-se que Alagoas bancou Fernando Collor de
Mello, em 1989) com efetivas chances eleitorais. Trata-se de um engano
convencional. Se candidato a presidente pelo PSDB, partido com alta
capilaridade nacional, Marconi terá, sim, chances efetivas de vencer uma
eleição para presidente, sobretudo com o desgaste extraordinário do PT.
Só que há um problema: a política do café-com-leite voltou
ao país, e notadamente no PSDB. O senador Aécio Neves, de Minas Gerais, e o
governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, estão com seus nomes postos e querem
disputar a Presidência da República, em 2018, e não querem abrir espaço para
uma novidade, como Marconi. O que fazer?
Marconi, sempre ousado, não é um desistente. Por isso, mesmo
sabendo das barreiras colocadas por Minas e São Paulo, permanece militando na
política nacional. Recentemente, por coerência, sublinhou que, se disputar
algum cargo no plano federal, será pelo PSDB. Entretanto, se o alto tucanato
bloqueá-lo, o que fará? Pelo menos dois partidos poderiam bancá-lo para
presidente. Como político de centro-esquerda, se sentiria à vontade disputando
a Presidência tanto pelo PSD de Gilberto Kassab — que torce por sua5 filiação
ao partido que dirige — quanto pelo PSB de Carlos Siqueira. No momento, Marconi
é um outsider. Sua ousadia, um desses, poderá recompensá-lo. O Brasil — a
imprensa, empresários, políticos, a intelligentsia — já o observa com atenção.
Se Marconi conseguir melhorar a educação pública, atraindo a
classe média para a escola não paga, e se conseguir organizar centros de
recuperação de dependentes químicos eficientes — puxando a atenção do Brasil
para Goiás —, dificilmente as elites tradicionais, inclusive a do PSDB, vão
conseguir “segurá-lo” nas fronteiras do Centro-Oeste.
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