Ataques de bandidos armados a pedestres, comércios e
veículos estão em alta na cidade vizinha ao Distrito Federal, principalmente na
área central. Além da insegurança, a população reclama da falta de policiamento
ostensivo
Assaltos frequentes assustam Luziânia. Nos últimos meses,
roubos de veículos e a comércios aumentaram a sensação de insegurança na cidade
goiana, distante cerca de 60km de Brasília. Bandidos armados não esperam o
anoitecer. Os casos ocorrem à luz do dia, mesmo com a presença de câmeras de
segurança em alguns estabelecimentos e em locais de grande movimento. A maioria
dos assaltos ocorre na região central do município, onde a população reclama da
falta de policiamento efetivo.
Os alvos dos ladrões ficam em uma parte de Luziânia que
ainda guarda características de interior. Em meio a construções históricas e
vendinhas, o ar moderno do comércio ainda dá impressão de tranquilidade. Porém,
essa sensação diminuiu com o tempo. O empresário Dilson de Oliveira Júnior, 36
anos, teve a padaria assaltada duas vezes em menos de 40 dias. Na primeira, o
assaltante esperou alguns clientes saírem para atacar o comércio. Na segunda,
houve violência. Durante a ação, ele agrediu uma funcionária. “Ela ficou
traumatizada. Tive de dar férias”, lamenta. O crime ocorreu por volta das 13h
de um domingo.“Eu nasci aqui, era uma cidade tranquila de se viver. De um tempo
para cá, tem sido difícil. A violência está aumentando, e nada é feito. Ficamos
com receio disso tudo”, afirma Dilson.
A professora Daiane de Araújo, 30, foi abordada por volta
das 6h30, quando aguardava no ponto de ônibus próximo à antiga residência dela.
“Ele (bandido) chegou em uma moto e desceu mostrando a arma. Anunciou o assalto
e me fez abrir a bolsa. Levou celular, carteira e dinheiro”, queixa-se. Depois
disso, Daiane se mudou de casa e passou a ter receio de andar na rua. “É uma
onda de violência. As pessoas não têm mais tranquilidade. Os bandidos não
escolhem horários. Podemos ser roubados a qualquer hora do dia. E a presença da
polícia é pouca. Veem-se poucos militares por aqui”, reclama. No período em que
a reportagem ficou na cidade, pouco mais de cinco horas, avistou-se apenas uma
equipe da PM.
Levantamento da Secretaria de Segurança Pública e
Administração Penitenciária de Goiás confirma a apreensão da população de
Luziânia. Houve 2.003 assaltos a pedestres até outubro de 2016, contra 1.663 no
ano passado — a média é de quase sete por dia. Os roubos de veículos chegam a
860. No ano passado, foram 797 (veja Insegurança). Uma farmacêutica de 34 anos
é uma das mais recentes vítimas de criminosos armados. Há duas semanas, no
centro da cidade, ela chegava à escola das três filhas, às 13h20, quando dois
bandidos em uma moto a surpreenderam. A dupla exigiu a chave do carro, e a
mulher se desesperou, pois a caçula, de 4 anos, estava no banco traseiro. “Só
pedi a eles para deixarem eu pegar a minha filha. Felizmente, deixaram, e eu
saí correndo. Nunca pensei viver algo parecido. Hoje, tenho medo de sair de
casa. Vejo alguma motocicleta e me lembro de tudo”, detalha. Depois disso, os diretores
do colégio contrataram um segurança particular.
Ocorrência
O comandante do 10ª Batalhão de Polícia Militar de Luziânia,
major Alberto Carlos Clemente, intensificou o patrulhamento na área central.
“Pelo menos uma vez por semana, comando uma operação para intensificar as ações
da PM. Para reforçar, também estamos empregando nas ruas os integrantes do
Batalhão de Choque e da banda de música”, revela. O oficial argumentou, no
entanto, que falhas na legislação contribuem para o aumento da criminalidade.
“Prendemos, não passam poucas horas, e o bandido já está solto. Estamos fazendo
esforços, mas a situação fica complicada diante da lei”, critica.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública e
Administração Penitenciária de Goiás informou que a Polícia Militar está
orientada a ampliar as rondas ostensivas na cidade vizinha ao DF. “A secretaria
lembra, ainda, que estão em andamento novos concursos para a contratação 3.360
policiais, que vão reforçar o efetivo dos municípios goianos, inclusive
Luziânia”. O órgão também ressaltou a importância da denúncia à polícia. “A
recomendação é que os moradores vítimas de atos criminosos façam registro das
ocorrências para que sejam procedidas as devidas investigações”.
Fonte: Correio Brasiliense
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